Educação Digital é para ontem

Tudo começa com a internet.

Se pensarmos como a internet impactou nossas vidas nos últimos 10/15 anos, muitas coisas nos passam pela cabeça: mudamos como nos comunicamos, socializamos, consumimos conteúdo, transacionamos fundos, compramos, estudamos, jogamos, utilizamos serviços em geral e assim por diante.

Pelo fato de estarmos familiarizados com a grande rede de computadores, automaticamente deduzimos que dominamos a ferramenta. E aí, entramos na história da manipulação via algoritmos, vieses e outras questões que a tecnologia transpôs o comportamento da sociedade para o universo digitalizado.

Não trago para a discussão 'como' somos vítimas da internet – isso já está claro –, mas sim 'por que' precisamos aprender a explorar a conversão tecnológica que vivemos. E as minhas principais hipóteses são:

  1. Hardware novo num software antigo: ter um iPhone 13, um Tesla S ou uma casa automatizada não nos faz melhor do que ninguém em nenhum contexto, no digital menos ainda. Pois, se o iPhone for utilizado para disparar fake news sem o mínimo senso crítico de averiguar a fonte ou navegar nas redes sociais sem saber que as mesmas só priorizam o que gostamos e as pessoas que pensam parecidas conosco, acredito que esteja na hora de rever o uso do iPhone. 

O acesso à informação trouxe coisas incríveis para o mundo, a chance de mais pessoas terem informação, aumentando a possibilidade de mais gente se expressar e acessarmos informações que eram impossíveis de serem acessadas há alguns anos. É natural que o mundo fique mais complexo, porque diferentes contextos foram expostos de forma massiva, numa velocidade de transmissão rápida, compreender que existem bolhas, vieses e que o mundo digital é dinâmico, é algo primordial para a sociedade ter educação digital. 

2. "Dados são o novo petróleo": a famosa frase diz muito sobre o que poder na era digital. Quanto mais dados geramos, mais informações são concebidas fazendo com que as informações sejam valiosíssimas por vários motivos, talvez o principal é a capacidade de aprendizagem que as máquinas têm sobre essas informações. Não é uma coincidência aparecer uma propaganda do tênis da adidas no nosso feed, logo após alguém comentar que adorou o novo Stan Smith (modelo de tênis da adidas). 

As máquinas estão tomando vários postos de trabalho previsíveis e repetitivos, porque ao coletar dados e informações de todos os lados e através de análises de padrões, a máquina executa tarefas previsíveis e repetitivas melhor que nós. É necessário entender que os impactos são em todas as profissões, passando pelas indústrias, serviços em geral e profissões "consolidadas". Precisamos pensar nas pessoas em primeiro lugar, incentivando o desenvolvimento de habilidades socioemocionais além das técnicas.

3. O universo 'real' se expandiu: as crianças já nasceram com acesso à tecnologias conectadas à internet e desde de pequenos manuseiam smartphones, tablets e outros dispositivos com uma facilidade assustadora. Porém, não percebemos que os estímulos são dados por nós, adultos que somos responsáveis por inserir os dispositivos na vida das crianças, independente do motivo. E mais, muitos adultos estão viciados em tecnologia e informação achando que não estão: 

Quantas vezes desbloqueamos nosso smartphone sem saber o porquê e passamos 20 minutos vagando por aplicativos que são feitos despertar o sentimento que estamos perdendo algo? 

Quantas vezes estamos na mesa de um restaurante zapeando as redes sociais e não prestamos a atenção em quem está ali? 

Quantas vezes estamos em casa, com nossos filhos, e ficamos no telefone respondendo coisas que poderíamos responder depois, seja de trabalho ou não? É claro que existem situações de urgência, e é compreensível num contexto de pandemia e adaptação aos novos formatos de trabalho para algumas pessoas.

Em muitos casos não entendemos porque nossos filhos e filhas querem navegar em seus dispositivos ou praticar Games. E, ainda dizemos assim: "sai do tablet e vai fazer algo do mundo real". Temos mais uma questão, dizer que a internet não é real é algo comum, no entanto é errado a nível conceitual e prático – talvez as palavras certas sejam: ambientes físicos e virtuais.

O que é importante de pensar é que podemos tratar como universos diferentes, apesar de que eventualmente damos mais importância para o virtual do que para o físico, não podemos esquecer que de diversas maneiras estimulamos as crianças a estarem cada vez mais presentes nesse ambiente virtual. E, como muitas vezes não temos noção do que estamos fazendo no ambiente virtual, não conseguimos nem dialogar com nossos filhos e filhas sobre isso.

Então, se realmente queremos que as crianças saibam como utilizar a tecnologia, primeiramente nós temos que aprender a utilizá-la, para dar exemplo e ensinar a ter pensamento crítico, filtros, segurança, boa conduta e outras tantas características que o mundo virtual carece hoje.

Todo esse texto é um preâmbulo para falar sobre Educação Gamer, algo muito similar à Educação Digital, mas que precisa ser conversada porque cada vez mais as crianças estão frequentando o universo dos Games e não vão parar de participar, ao contrário, talvez participem mais. Portanto, nosso papel é trabalhar para os Games serem um ambiente saudável com muita diversão e interação entre pessoas.


Se você é responsável por uma criança de 8 a 12 anos que já tem convívio com Games “da moda”, e acredita que as experiências nesses Games podem ser mais produtivas, temos um convite para você =]

Todos os meses temos encontros gratuitos do Clube de Habilidades, é só acessar esse site para saber a próxima data e como se inscrever.

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