Games podem prejudicar o desempenho escolar das crianças e adolescentes?
Os adultos com mais de 30 anos devem lembrar que na sua época de escola um dos castigos mais comuns para quem ia mal nos estudos era não poder sair para a rua para brincar com os amigos. Nota baixa no boletim era sinônimo de menos bicicleta, menos futebol, deixar de ir na casa da amiga, enfim, menos diversão até que algum progresso na escola fosse visto pelos pais.
Hoje, o depoimento das crianças que frequentam o Clube de Habilidades sobre o que pode acontecer se forem mal na escola é quase unânime: perdem o celular por um tempo. Ou, então, videogame só depois de fazer os deveres de casa e estudar mais.
A diversão das crianças mudou da rua para as telas, mas os pais não mudaram.
Por um lado, os especialistas concordam que é preciso ter uma rotina de estudos e dedicação à escola fora do horário escolar. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda que crianças com menos de cinco anos de idade não fiquem mais de 1 hora diária em atividades passivas em telas. Devem ser feitas pausas a cada 20 minutos de contato e bebês com menos de dois anos de idade não devem ser expostos às telas.
Feita essa importante ressalva sobre a disciplina nos estudos e tempo de exposição para certas faixas etárias, fica a pergunta: os jogos no celular, tablets, consoles e computadores são prejudiciais aos estudos?
Diversos estudos sobre os efeitos dos games no cérebro indicam que algumas áreas do cérebro podem ser mais desenvolvidas através dos games. Estudos como da Universidade Bicocca de Milão e do Centro Nacional de Biotecnologia dos EUA, revelam que os games ajudam a desenvolver habilidades e capacidades cognitivas.
Olhando pelo lado negativo, os games em excesso e sem controle dos pais podem levar ao vício, podem afetar a atenção, provocar sedentarismo e prejudicar a sociabilidade da criança. Afinal, quase tudo na vida faz mal quando tomado em excesso.
Os jogos eletrônicos podem trazer alguns benefícios.
Raciocínio lógico:
Os games demandam um alto nível de tomada de decisão em curtos espaços de tempo. O roteiro de muitos jogos levam as crianças a pensarem de forma lógica sobre causa e consequência em ambientes mais seguros do que o mundo real.
Habilidades motoras:
Jogar certos consoles pode ser tão complexo do ponto de vista da motricidade quanto tocar um instrumento. Além disso, há controles com pedais, volantes de automóvel e outros periféricos que podem servir de simulador para atividades do dia a dia.
Concentração:
A concentração também é uma habilidade que pode ser estimulada pelos jogos. Jogar moderadamente melhora consideravelmente os níveis de atenção das pessoas, pois ficam focadas em uma única tarefa durante o jogo.
Pertencimento:
Quando praticado em grupos em ambientes imersivos, os jogos podem criar um senso de pertencimento ao grupo e desenvolver a socialização das crianças. Em alguns casos, os fóruns expandem essa relação para fora dos games. Aqui, os pais devem ter máximo cuidado e controle sobre as atividades nestes ambientes mais abertos.
Tolerância a frustrações:
Crianças e adolescentes costumam ter dificuldade em lidar com frustrações através das novas experiências proporcionadas pelo processo de crescimento. Com um acompanhamento próximo de pais e educadores, os jogos podem servir de laboratório para conversar e pensar sobre sentimentos provocados quando perdem uma partida ou não conseguem executar algo no jogo. É um excelente momento para educar sobre atitudes nas vitórias, nas derrotas, sobre respeitar as regras do jogo e os adversários.
Ok, mas e os estudos como entram nisso tudo?
O que certamente pode prejudicar os estudos é simplesmente passar mais tempo fazendo qualquer outra atividade ao invés de dedicar-se aos estudos.
Assim como os pais das gerações anteriores controlavam o tempo de diversão como “castigo” para mau desempenho escolar, os pais de hoje controlam o tempo dedicado aos games. Trata-se muito mais de uma correção de hábitos para estabelecer uma rotina de estudos do que uma tecnologia que veio para prejudicar as crianças na escola.
Controlar o tempo de jogo é uma tarefa importante para as famílias que devem seguir as orientações da OMS que mencionamos acima. Porém, tão importante quanto isso é os pais compreenderem o mundo dos games para saberem o que devem controlar e como podem tirar proveito desse ambiente de diversão dos filhos.
No Clube de Habilidades, nós abraçamos os games como ambiente de aprendizado. Dessa forma, também educamos as crianças e adolescentes para as boas práticas, respeitos aos outros, companheirismo e cuidados ao frequentar esses ambientes virtuais. Os jogos fazem parte da vida das crianças. Convidamos todos os pais a conhecerem mais este mundo novo e fazerem disso um aliado na educação dos filhos.